Atualmente, o termo cidade inteligente (smart city) está em alta nos debates sobre planejamento urbano e sobre como entendemos que o futuro das cidades deve ser. Porém, as diversas variações que essa expressão pode apresentar seguir e com tantas áreas da ciência que se apropriam desse tema é fácil perder o foco de seu principal conceito.
As expressões cidades inteligentes, cidades digitais, cidades do conhecimento ou cidades conectadas, ganham força a partir das discussões ocorridas para o Protocolo de Kyoto em 1997, que buscavam alternativas para tornar as cidades mais sustentáveis. Uma das soluções apresentadas foi assimilar tecnologia de forma massiva, trazendo mais capacidade às soluções urbanas propostas. Hoje, cidade inteligente é o termo que se consolidou como o que melhor representa essa ideia.
Cabe destacar que “inteligente” vem da expressão em inglês smart, contudo sua aplicação está mais associada com o uso de programas instalados em dispositivos físicos que sejam capazes de aumentar a precisão das soluções urbanas ou melhorar o resultado entregue a sociedade.
Para entender melhor o que está por trás deste conceito, temos que falar sobre algumas tecnologias usadas na criação da infraestrutura de uma cidade inteligente:
- Internet das Coisas (IoT), que permite a conexão de dispositivos da rede da cidade aos dispositivos dos usuários;
- Big Data, que armazena e processa grandes quantidades de dados coletados na cidade;
- Computação em Nuvem, com ambiente escalável e elástico que suporta a grande demanda de recursos computacionais necessários.
Em cidades inteligentes, utilizamos dispositivos com sensores e outros componentes de hardware e software de modo a otimizar e diversificar as operações realizadas por eles no ambiente urbano. Como exemplos, podemos citar os semáforos que podem ficar vermelhos assim que um pedestre se aproxima da faixa e os veículos que podem comunicar-se entre si evitando colisões e otimizando o uso do espaço público. Também é possível observar estes conceitos sendo aplicados hoje por países como China e Coreia do Sul no enfrentamento da pandemia do COVID-19 através de programas desenvolvidos especificamente para testagem, rastreamento e controle do novo coronavírus.
Contudo, as desigualdades sociais nas cidades brasileiras nos colocam em face de alguns desafios adicionais. Como utilizamos esse conceito para melhorar a vida de todas as pessoas da cidade? Como garantir o uso de tecnologias de ponta por pessoas que não tem acesso à habitação digna ou ao saneamento básico? Como possibilitar que os novos serviços ofertados pelo poder público sejam acessíveis a pessoas de todas as idades e classes sociais? Precisamos estar atentos para não sermos refratários à tecnologia, por outro lado, é necessário que se tenha essas dimensões em mente para pensar que inteligente é entregar uma vida melhor a todos.
Em um contexto mais amplo, entendemos que uma cidade inteligente deve responder a desafios como mudança climática, rápido crescimento populacional e instabilidade econômica. Trabalhar interdisciplinarmente e utilizar dados e tecnologias modernas para oferecer melhores serviços e qualidade de vida para seus habitantes, sem prejudicar outras cidades ou degradar o ambiente natural. Criar cidades mais resilientes, inclusive para a vida off-line. Neste contexto, também deve ser politicamente inteligente, melhorando a forma como engaja a sociedade e aplica métodos colaborativos para construção do espaço público.
Para nós da Polo Planejamento, a cidade inteligente é aquela que disponibiliza serviços integrados, garantindo o acesso aos serviços urbanos e melhorando a qualidade de vida a todos os cidadãos.
Nos próximos textos sobre o tema, vamos aprofundar em questões específicas sob a ótica das cidades inteligentes, como mobilidade, economia criativa, governança, meio ambiente e estilo de vida.