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Por uma transformação cultural urbana – 7 de julho: 15 anos da TcUrbes

A bicicleta é um modo de transporte sustentável, não emite poluentes, democrático, é amplamente utilizado por camadas mais vulneráveis da população, e que faz uso da tração humana, fomentando a prática de atividade física. É também uma das soluções para o congestionamento das vias dado que ocupa 4,5 m² de espaço na via, bem abaixo dos 50 m² do automóvel. Além disso, é historicamente uma resposta a crises vividas em regiões ao redor do mundo, como na Cidade do México, quando em 2017 foi afetada por um terremoto e a bicicleta era o meio de acesso por vias que não poderiam ser acessadas pelo transporte motorizado. Da mesma forma, durante a pandemia da Covid-19 em Wuhan, na China, a bicicleta era o meio de transporte utilizado por voluntários para entregar suprimentos a cidadãos que estavam impossibilitados de saírem de casa.

Entretanto, ainda assim, apesar do aumento no uso da bicicleta para realização de viagens após a pandemia de Covid-19, no Brasil este modal ainda é responsável por 4% do total de viagens frente a 30% em países como a Holanda. Um dos principais fatores que contribuem para este baixo percentual é a infraestrutura disponível para ciclistas e o acesso a estes equipamentos. Segundo o ITDP, apenas 13% da população com renda mensal abaixo de um salário-mínimo reside a trezentos metros de ciclovias e ciclofaixas enquanto 30% dos moradores com renda acima de 3 salários-mínimos estão a 300 metros de uma rota segura para ciclistas.

Há cerca de 15 anos, em um cenário que apresentava ainda mais desafios para as bicicletas e os ciclistas, eu, Riccardo Tchê Corrêa coordenava e elaborava o Plano Cicloviário de Porto Alegre. Era uma contrapartida ao BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento ao financiamento a Terceira perimetral que deveria ser uma “Rua Completa” conceito que à época nem existia, com este nome.

Contratado por consultoria de mobilidade, em 2006, após noites na casa de minha saudosa avó, em Porto Alegre, cidade onde nasci, debruçado em livros e manuais de planejamento urbano de todo o mundo, surgiu, o que até hoje se desenvolve dentro do ativismo da TCUrbes – que é Transformação Cultural Urbana, mas, pode ser Transporte Cicloviário Urbano, simbolizando o que devemos ser, mutantes, inconformados, ativistas do transporte ativo, ou transporte suave, para ser mais abrangente. Estavam formados os alicerces do que veio a ser o primeiro escritório especializado em mobilidade suave do Brasil. Atuamos, desde 7 de julho de 2007, em uma série de diferentes áreas do planejamento e de projetos urbanos, mas sempre com a finalidade de humanizar as cidades, priorizando o transporte ativo, pois mobilidade urbana está ligada diretamente a mobilidade social e direito à cidade.

Presente e Futuro

Nesses quinze anos, a TcUrbes passou de um escritório de ativistas, para um escritório consagrado pela ONU como uma das 50 melhores microempresas selecionadas para o mundo, grupo que a ONU vem chamar de quarto setor da economia. São empresas que o principal foco não é o lucro, mas tem como objetivo a contribuição com novas interfaces com o mundo, que geram menos impacto.

Com a pretensão de aumentar seu impacto socioambiental, a TcUrbes faz novas alianças. Está em processo de fusão com a Polo Planejamento, compondo o grupo Formado pela Portuguesa TIS Planejamento Urbano e pela Data Machina.

A TcUrbes, como representante deste grupo, faz parte de um coletivo de empresas denominado Lugares Possíveis, formado por empresários e empresas que visam criar soluções simples e transversais para novos empreendimentos envolvendo em seu núcleo, soluções de Urbanismo Leve, com engenharia de Sistemas, Design Urbano e Cidade Inteligentes, esta visão urbana e complementada por turismo e eventos esportivos, cidades para crianças, arquitetura ecológica e outras formas de existência no espaço urbano. Um planejamento urbano para as novas gerações, para o amanhã, mas que pensa as desigualdades e contradições do hoje.

E por falar em hoje, quero comemorar o aniversário da TcUrbes, afinal 15 anos merecem isso. Sei que há muito o que fazer, mas os próximos passos já começaram e tenho certeza que o que vem por aí será incrível.

ANTP. Sistema de informações da mobilidade urbana da Associação Nacional de Transportes Público – relatório geral 2014. São Paulo, Associação Nacional de Transportes Públicos, 2018 <https://bit.ly/30Nqt9N>.

ITDP BRASIL. ITDP avalia percentual de pessoas próximas a infraestruturas cicloviárias. Rio de Janeiro, Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento. <https://bit.ly/3eJWyrb>.

MOBILIZE – MOBILIDADE URBANO SUSTENTÁVEL. Espaço ocupado por modos de transporte ativos e motorizados. <https://bit.ly/3tr7Apo>.

MOVIMENTO SOMOS CIDADE. As lições da Holanda para tornar as cidades mais amigáveis para os turistas. <https://bit.ly/3nGj87n>.

SCHWEDHELM, Alejandro; LI, Wei; HARMS, Lucas; ADRIAZOLA-STEIL, Claudia. Bicicletas têm papel crucial na resiliência das cidades durante crise da Covid-19. São Paulo/Porto Alegre, WRI Brasil, 22 abr. 2020 <https://bit.ly/2OYltMW>.

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