Nos dias atuais, é frequente nos depararmos com notícias sobre as crises socioambientais, como o aquecimento global, o aumento da desigualdade social, recessões econômicas, crises sanitárias, entre outras. Ao mesmo tempo, aumenta-se a consciência sobre a importância de incorporar tais preocupações ambientais, sociais e de governança dentro das empresas de diversos setores do mercado, relativas à responsabilidade que elas possuem frente aos impactos gerados durante sua cadeia produtiva. É nesse contexto que surgem as agendas ambientais, buscando concretizar essas preocupações em documentos que orientem princípios e condutas consideradas sustentáveis, para atuações com compromisso socioambiental.
O termo ESG é referente a essas agendas, sendo, inclusive, uma das principais em voga atualmente – só em 2018, segundo o jornal Financial Times¸ o setor de investimentos em ESG foi estimado em cerca de US$ 31 trilhões. ESG é um acrônimo para environment, social e governance (ambiental, social e governança, traduzidos de forma livre), e foi originalmente mencionado no relatório “Who Cares Wins” (“Quem se importa vence”, em português), documento resultante da conferência idealizada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2005. O objetivo desse encontro de acadêmicos, diplomatas e representantes de instituições financeiras era incitar o debate sobre as responsabilidades ambientais, sociais e de governança corporativa de cada setor, atrelando o desenvolvimento sustentável com as boas práticas das agendas financeiras, e entendendo a sustentabilidade a partir desses três pilares mencionados na sigla ESG (THE GLOBAL, COMPACT, 2005).
O tripé do ESG
Nos dias atuais, é frequente nos depararmos com notícias sobre as crises socioambientais, como o aquecimento global, o aumento da desigualdade social, recessões econômicas, crises sanitárias, entre outras. Ao mesmo tempo, aumenta-se a consciência sobre a importância de incorporar tais preocupações ambientais, sociais e de governança dentro das empresas de diversos setores do mercado, relativas à responsabilidade que elas possuem frente aos impactos gerados durante sua cadeia produtiva. É nesse contexto que surgem as agendas ambientais, buscando concretizar essas preocupações em documentos que orientem princípios e condutas consideradas sustentáveis, para atuações com compromisso socioambiental.
O termo ESG é referente a essas agendas, sendo, inclusive, uma das principais em voga atualmente – só em 2018, segundo o jornal Financial Times¸ o setor de investimentos em ESG foi estimado em cerca de US$ 31 trilhões. ESG é um acrônimo para environment, social e governance (ambiental, social e governança, traduzidos de forma livre), e foi originalmente mencionado no relatório “Who Cares Wins” (“Quem se importa vence”, em português), documento resultante da conferência idealizada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2005. O objetivo desse encontro de acadêmicos, diplomatas e representantes de instituições financeiras era incitar o debate sobre as responsabilidades ambientais, sociais e de governança corporativa de cada setor, atrelando o desenvolvimento sustentável com as boas práticas das agendas financeiras, e entendendo a sustentabilidade a partir desses três pilares mencionados na sigla ESG (THE GLOBAL, COMPACT, 2005).
O tripé do ESG
A sigla serve como uma síntese dos três principais pilares sobre o entendimento do conceito de sustentabilidade. Entende-se no pilar ambiental (environment) a necessidade de reduzir os impactos ao meio ambiente, com medidas, por exemplo, de redução das emissões de CO2, do consumo de recursos naturais, boa gestão dos resíduos sólidos, consumos sustentáveis de energia, entre outras, que buscam reduzir a pegada ambiental de uma empresa. Também podemos pensar para além das questões materiais, como a promoção de ações de educação ambiental, por exemplo.
Já o pilar social (social) está relacionado às questões de diversidade, inclusão, educação, entre outras esferas, que impactam a sociedade como um todo, desde aquelas pessoas que pertencem a equipe da empresa até as populações que sofrem influência das atividades da instituição. Ter medidas que corroboram para uma maior diversidade e equidade social, condições justas e dignas aos colaboradores, relações transparentes com todos, e uma troca ativa com a comunidade na qual se está inserida fazem parte das práticas sociais sustentáveis.
Finalmente, o pilar da governança (governance) diz respeito as questões de gestão e responsabilidade corporativa. Nesse sentido, preza-se pela transparência das ações e processos, da prestação de contas, compromisso com medidas de ética e compliance, adequação à Lei Geral de Proteção de Dados, possuir uma comissão de ética, entre outros aspectos que buscam honestidade e comprometimento na governança, evitando, assim, corrupção e fraude.
Na prática
Entendido a teoria das premissas gerais do ESG, colocar a agenda ambiental em prática se torna o próximo passo. A fim de adequar os propósitos da agenda com o setor de trabalho atuante, a empresa deve realizar um diagnóstico detalhado do estágio em que ela se encontra em cada um dos pilares do ESG, para delimitar as frentes de trabalho que serão desenvolvidas ao longo do processo de implementação. Busca-se, então, construir um inventário de riscos, que compõe os pontos de fragilidade frente às questões socioambientais e de governança da instituição, com base no diagnóstico anterior. Em seguida, é possível começar a traçar planos de ações recomendadas para eliminar os riscos que foram inventariados, além de medidas de compensação para aqueles riscos que são possíveis de compensar, à exemplos da compra de créditos de carbono. Por fim, e a etapa mais extensa do processo, é a hora do monitoramento. As ações devem possuir um acompanhamento contínuo para entender as evoluções, se há outros riscos que eventualmente não foram identificados, quais métricas serão atualizadas, entre outros diagnósticos. Tais resultados geralmente são consolidados nos chamados relatórios de sustentabilidade, e divulgados pela empresa a fim de garantir transparência e demonstrar seu compromisso.
Potencialidades e desafios
O alinhamento ao ESG traz inúmeras vantagens, sendo uma forma eficiente de interligar os grandes temas-pilares da agenda nas práticas corporativas, e criar um compromisso com as questões socioambientais e de governança. A primeira vantagem é a transparência da empresa, que aumenta com a exposição dos diagnósticos e relatórios sobre sustentabilidade. A maior transparência vem acompanhada de uma maior confiança dos investidores, que passam a entender melhor as metodologias utilizadas pela organização e os riscos que podem estar propensos a correr; e também de uma melhora reputacional, afinal, é almejado pela sociedade que as instituições possuam uma postura sustentável – para conhecimento, uma pesquisa da consultoria McKinsey mostrou que 85% do brasileiros dizem se sentir melhor comprando produtos sustentáveis, e que 97% dos entrevistados esperam que as marcas solucionem problemas sociais.
Outro benefício é o amadurecimento empresarial, já que os processos de adequação às agendas envolvem preparar uma liderança para coordenar as ações, além de estruturar melhor uma cultura de responsabilidade socioambiental no ambiente de trabalho. Consequentemente, também é possível reduzir riscos operacionais e aumentar a produtividade e inovação da equipe, já que o processo exige etapas de avaliações de risco da empresa e criação de metodologias para controle dos planos de ações. Além disso, cria-se um estímulo à atração e retenção de talentos, que irão se alinhar aos valores incorporados pela organização e seus colaboradores. Por fim, esse processo todo também é benéfico para despender menos esforço no futuro, quando houver necessidade de adequação a novas legislações e regulações corporativas às práticas socioambientais, sendo um investimento à perenidade da própria empresa.
Para demonstrar essa eficiência, estudos como o da Universidade de Nova York já apontaram que 58% das empresas que seguem princípios de sustentabilidade registraram melhora nos resultados operacionais e de performance financeira. O Fórum Econômico Mundial, por sua vez, estima um aumento de 25% a 36% na lucratividade, 20% nas taxas de inovação e 30% na habilidade de identificar e reduzir riscos nos negócios para as empresas que investem na diversidade, nos conhecimentos, e habilidades técnicas e emocionais das equipes.
Porém, a caminhada para a sustentabilidade conta com desafios. A implementação sólida da agenda exige um esforço contínuo da empresa de cumprir as exigências e manter seu compromisso e seus planos de ações. Além dessa assiduidade, também é desafiador a falta de padronização de alguns aspectos, como metodologias e indicadores, o que dificulta tanto o diagnóstico da empresa quanto as comparações feitas pelos investidores – afinal, eles podem comparar qual empresa será mais apropriada para o aporte de seu dinheiro com base no inventário de riscos e compromissos da ESG. Por fim, também é frequente a dificuldade na hora do mapeamento das oportunidades e riscos que a agenda traz para a empresa.
A prática da Polo
Dentro da Polo Planejamento, algumas medidas já começaram a ser implementadas visando as boas práticas socioambientais. A primeira delas está voltada à gestão dos resíduos: contratamos o Sistema Beleza Verde para a realização da reciclagem dos materiais descartados, de compostagem, além de instruir a equipe sobre a destinação dos resíduos gerados no escritório (como papel, metal, plásticos, orgânicos, etc), e permitir que os colaboradores tragam resíduos de suas próprias residências para a destinação correta. Ao final de cada mês, será gerado relatórios com o volume de materiais que foram reciclados ou reaproveitados.
A segunda medida é a implantação do Sistema B – movimento global que reúne empresas engajadas nas questões socioambientais. O processo envolveu adequação de documentações e políticas internas de gestão da empresa, para que alcançássemos uma pontuação suficiente para buscar a certificação. Em breve, esperamos oficializar o selo de empresa B.
Por fim, a terceira medida é relativa à pegada de carbono. Adquirimos 16 créditos de carbono em um projeto de preservação na Amazônia, após ter feito o cálculo da nossa pegada de carbono em 2021. Assim, nos tornamos Carbon Negative (ou seja, compensamos o dobro da nossa pegada de carbono), compensando as emissões feitas no ano passado, com viagens, consumos do escritório e geração de lixo.
Em síntese…
O conceito e as premissas do ESG vêm ganhando destaque ano a ano, tendo aumentado sua influência principalmente durante a pandemia. Em números, a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) fez um levantamento apontando que, com a pandemia, 136 fundos de investimentos se denominaram ESG; e no relatório da Consultoria ACE Cortex, existem ao menos 343 startups com soluções relacionadas ao ramo ESG no Brasil para diversos setores do mercado.
Frente aos constantes desastres ambientais e as diversas crises humanitárias, incorporar as responsabilidades socioambientais e de governança se torna cada vez mais obrigatória no mercado. Cidades sustentáveis, por exemplo, são beneficiadas quando possuem uma governança equilibrada e justa, preocupada com a participação social, com a elaboração e divulgação de dados, e com o meio ambiente. Seja qual for a área de atuação da empresa, o empenho ao comprometimento às agendas ambientais, como o ESG, colabora para um desenvolvimento mais sustentável, com menos prejuízo para a empresa, aos acionistas, colaboradores e sua comunidade.
Referências:
BRITO, R. P.; GONZALES, L. R.; Finanças Sustentáveis. In: GV-Excecutivo, 2007.
ESTADÃO SUMMIT ESG, São Paulo, 27, junho de 2021.
THE GLOBAL COMPACT. Who Cares Wins: Connecting Financial Markets to a Changing World. Nova York, 2005.